Verdade: quando falar tudo?
Hoje Nina entrou no carro e me colocou contra a parede (ou melhor, a direção). “Mãe, é sério que o Papai Noel não existe? Ele não é de verdade?”. Gelei. Será que tinha chegado o temido momento em que elas descobrem tudo e não somos mais capazes de prolongar a magia? Será que acabaram os momentos escrevendo a cartinha? Nada mais de tirar foto abraçada no bom velhinho?
Falo a Verdade?
Decidi atacar: “quem disse esse absurdo?”. Pro meu alívio a resposta mostrou que ela estava bem em dúvida, tinha como salvar minha filha da verdade tão temida pelos pais. “Foi uma menina da minha classe, mas ela é muito mentirosa!”. Pronto. Ela tinha me dado a deixa que eu precisava. A menina era mentirosa. Bingo! “Nina, não sei se ela é mentirosa, mas sei que o Papai Noel existe e que temos que acreditar nele caso contrário ele não vem no Natal”. Fim de papo. Minha pequena sorriu e mudamos de assunto, coo sempre fazemos quando ela se convence de algo.
Mas eu fiquei pensando se tinha feito o certo ao não contar a verdade. Mas também, dizer o quê? Dizer que sempre menti pra ela e que um ano o Papai Noel foi o filho da minha amiga, no outro o namorado de uma conhecida, no outro o padrasto da minha comadre? Dizer que compra os presentes na verdade sou eu e que eu não compro a lista toda senão teria que decretar falência? Dizer que o Papai Noel do shopping onde ela vai tirar foto todo ano é um homem fantasiado?
Confesso que não estou pronta pra nenhuma dessas situações. Amo a verdade mas, nesse caso (e no caso do coelhnho da páscoa e da fada do dente também) eu abro uma exceção. Uma licença poética, sei lá. Nem sei se ela sofreria tanto com a verdade. Mas sei que acabar com a magia do Natal, por enquanto, não está nos meus planos.
Eu fiquei pensando na amiguinha da escola, chamada de mentirosa quando está falando a verdade. Triste isso.
Na minha casa Laura acabou deduzindo isso muito cedo. Eu ainda tentei botar uma sombra de dúvida, mas não consegui sustentar. A Isabela tinha medo do Papai Noel, rsrsrs. Nunca tive esse costume de alguém fantasiar, sempre esperei elas dormirem pra por os presentes na árvore. Respeito famílias que como a sua tem esses costumes, mas aqui sempre foquei no nascimento de Jesus, então a magia, o brilho dessa data ficavam por conta de montarmos o presépio, cantarmos músicas natalinas, irmos à missa do galo. Mas ainda conservo o costume de um presente surpresa na árvore para elas abrirem de manhã. Mas se ela ainda tá na dúvida, mantenha…quando ela descobrir ela vai ter a certeza de que vcs fizeram a coisa certa e vai repetir com os filhos delas. Só cuidado com a Maitê, já vi irmãos mais velhos que numa briga contaram “a verdade” sobre o Papai Noel…bjs