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O primeiro amor

“Mãe, eu gosto do Mateus. Mas não é gostar igual eu gosto das minhas amigas. É mais. Mas ele não gosta de mim…”. Sexta, 8h30 da manhã. Estamos no carro, a caminho da escola. Vou ter um dia cheio. A caixa de emails está lotada, tenho reunião de trabalho, a cabeça pegando fogo. E Nina me vem com essa. Será que ela está falando o que estou entendendo? Será, aos 5 anos (quase seis), ela está falando sobre o primeiro amor???

Respiro fundo. “Filha, vamos falar sobre isso com calma depois. O que posso te dizer agora é que meninos e meninas tem jeitos diferentes de lidar com sentimentos e isso é assim a vida inteira.De repente ele gosta de você mas não sabe demonstrar isso, entende? Aliás, sobre o Mateus, é legal você gostar dele e querer ser amiga. Posso te ajudar sugerindo uma brincadeira, por exemplo. Tenta brincar com ele de super heróis!!! Que tal?”.

Os olhos se enchem de lágrimas. “Mãe, eu quero namorar com ele, não ser amiga!”. Estaciono o carro. Respiro ainda mais fundo. A reunião que se dane, o trabalho que espere. Nada é mais importante do que o que minha filha está dizendo. Ela está claramente sofrendo e eu preciso ajudar. Nada no universo é mais urgente do que esse assunto.

“Filha, vocês têm 5 anos. Não é idade de namorar, é idade de ter amigo. Você vai ter a vida toda para namorar. Mas agora vocês são crianças e crianças não namoram. Nada de beijo na boca, combinado?”, pergunto olhando para uma menininha que até ontem era um bebê e que agora está ruborizada. “Mas eu já dei um beijo uma vez num amigo. E foi na boca”, ela confessa.

“Seu pai vai te matar”, pensei. Mas minha boca disse: “ok, mas vamos combinar que não é hora disso. Quando você crescer você beija quem quiser, mas agora não, tá?”. “Combinado, mamãe!”. Ela me abraça, esquece o assunto e sai do carro. E eu fico lá, sentada, com todo esse barulho…

Na hora pensei na mãe que quero ser (parceira) e na mãe que tive (parceira pero no mucho, principalmente quando o assunto eram os namorados). Pensei no pai (ele vai ficar puto!!!). Pensei nela mesma e em como é dolorido começar a viver de fato (o sofrimento nem começou ainda…).

De repente estava rindo da situação. De repente estava me imaginando daqui a dez anos, sendo apresentada ao primeiro namorado. De repente estava pensando no que me espera (o pai nem quer pensar!!). Quem ela vai escolher? Como ele vai ser?

Engraçado esse exercício. Imprevisível. E desnecessário nesse momento. Por enquanto o segredo da minha filha vai estar guardado comigo (e com você que está lendo esse texto)!

28 Discussions on
“O primeiro amor”
  • OMG!! to besta com a fofura dessa história!! Nina muito princesa e se abrindo assim tão lindamente! Se orgulhe em saber que ela te tem como amiga e que continue assim! Ela sabe que pode compartilhar todos os segredos e novas experiências com você! Enquanto o Gui morrerá a cada história que você contar para ele kkkkkk Mas são fases né.. Já já ela entende que cada coisa tem seu tempo! bj <3

  • O tempo é sempre o melhor remédio, né? Sobre as decepções que elas terão no futuro…não quero nem imaginar!!! Sofro só de fazer esse exercício!!! Mas cada sofrimento no seu tempo, né? Bjo

  • Como adoraria que todas as mãe tivessem tua sensibilidade,espero que ela te acompanhe quando os anos passarem, por que também vão via as primeiras decepções delas, ai o BICHO vai pegar feio, vc quer bater no individuo que esta fazendo tua filha sofrer….já passei por isso com a filha e agora tenho que me preparar para passar com a neta….o que aprendi?? o tempo é sempre o melhor remédio…Abraços.

  • Que coisa mais amada, e que texto mais carinhoso. Lindo, amei! <3 E o segredo está guardado

  • Ah Pati, estou grávida de uma menina e fiquei emocionada lembrando dos meninos que gostei e já imaginando como será esse diálogo.
    Meu marido vai surtar, já tem ciúme desde agora.
    Elas são lindas e tudo isso faz parte, né? Felicidades! bjs

  • Nossa, nem me fala…tanta água vai passar por debaixo da ponte ainda, né? Nem sei como explicar pra ela sobre o que vem pela frente…tudo tem seu tempo, né? Bjo

  • Tadinha da Nina… Sofrendo por amor cedo assim!rsrs… E fico imaginando sua surpresa ao ouvir tudo isso, assim logo pela manhã! E mais ainda o quanto deve ser difícil explicar pra uma menina de 5 anos (quase 6!) sobre esse amor… (Falo imagino, pq não sou mãe ainda rs)
    E acho que mais difícil que explicar pra Nina, vai ser administrar o pai da Nina rsrs… E ele tem 2 meninas lindas pra ajudar ainda!
    Boa sorte, Pati! E que a Nina acalme o coraçãozinho dela, porque tem tanto por vir ainda, né?
    Bjs

  • Brinco que vou fazer um livro das coisas que ela fala e das minhas reações!! E daqui a pouco vou ter repertório em dose dupla, pq a Maitê está indo pelo mesmo caminho!!! Rs!!! Tô perdida! Bjo

  • Essa Nina é fofa demais! Imagino a sua cara de espanto ao ouvir isso assim, de repente, do nada! Mas vc se saiu super bem! E depois do susto, só dá vontade de rir mesmo (nós mães, sempre somos cúmplices, mas duvido que o pai risse, kkkk).
    O mais legal de tudo isso é ver que ela confia em você e que tem abertura para falar sobre esses assuntos! É dessa maneira que se constrói uma amizade verdadeira entre mãe e filha, com confiança e cumplicidade!
    Bjos e continue nos presenteando com as pérolas de Nina.

  • Primeira que escrevo aqui mas leio tudo. Amo seus textos. Voce tem uma familia linda! Beijos de Chicago!

  • Exames do coração do Guilherme estão ok? Há sério risco de infarto precoce… Minha filha mais velha viu sua “paixão” dizer que gostava de sua prima-melhor-amiga-loira-do-olho-azul, e disse pra mim: Mãe, deve ser pq não tenho o olho azul da Duda né?. E eu: não, é pq ele não viu a garota fantástica que vc é, e tb pq vc não vai namorar agora, só beeemmmm lá na frente. Isso foi há 5 anos, e esse beeemmm lá na frente que eu achava, voltou a rondar aqui em casa, ela fez 11 anos. OH-MY-GOD!

  • Nossa acho que seus texto estão com remetente certo para mim!
    Estou passando por isso com minha Nandinha, eles (ela e seu ”escolhido”) estudaram juntos o ano passado, mas como meu marido e o pai desse príncipe são amigos de infância, eles estão sempre brincando juntos, e já falam até em casar qdo crescerem, que vão morar na Grécia (NÃO VOU FICAR LONGE DELAAAAA)… Já expliquei que tudo tem seu momento, e que por hora o que prevalesse é a amizade! Quando crescerem aí sim podem falar sobre namoro, casamento em fim… Mas é uma situação complicada, não me ‘programei’ para verem meus filhos namorando, ainda são pequenos, sei que esse momento chegará, mas não quero que seja agora, não quero que eles sofram por gostar de alguém e não ser correspondidos… Filhos não vem com manual, e ser mãe com o mundo tão precoce não é fácil!

  • Patricia, bom dia! Você me deixou emocionada com essa história. Que lindo, que meiga a Nina é. Tenho uma filha de 03 anos e já me imaginei nessa situação, rs, aiai. Amo seus textos, você coloca as palavras numa delicadeza que posso sentir toda sua emoção. Sua família é linda. Parabéns.

  • Que linda sua história! Adorei! E sim, tenho certeza que ela vai esquecer no futuro…mas eu quero lembrar pra sempre dessa conversa que eu e ela tivemos…foi muito fofo!!! Bjo

  • Nossa …. Minha filha tem 3 anos !!! Eu leio seus posts e vou sofrendo antecipado (sabe aquele frio na barriga que dá??? )
    O bom é que se for pega de surpresa assim , Já fico mais preparada….. Preparada !?!?Será !?!?Acho que nunca estaremos preparadas ,quem sabe o sinônimo certo seria conformadas …..
    E cada dia que passa a vontade que dá é de deixa-las grudadas na gente pra sempre …
    Beijos e parabéns pela sua família!!!!

  • Combinado! Segredo guardado! Achei fofo, meigo, lindo! Ah, o primeiro amor!

  • Segredo guardado!! Kkkkk….Patriciaaa, que situação! É tão gostoso ler o que vc escreve, que eu me senti dentro do seu carro vivenciando a cena con vc!!!

  • Espero que o seu marido não leia o seu blog, Pati kkkkkkk. Nossa, essa situação descreveu bem a minha infância. Eu tinha a idade da Nina e gostava de um menino chamado Lucas, a gente andava de mãos dadas e tudo, até demos um selinho e depois viramos ‘namorados’ rs. Depois de um tempo eu parei de gostar dele. Ele até levava flores pra mim, eu amassada todas e jogava no chão, eu tinha 05 anos. Meu pai ficava rindo muito quando eu fazia isso com o garotinho. Ele sempre levou esse assunto numa boa, aliás éramos crianças. Algumas pessoas podem até ficar abismadas com o fato (porque não sabem diferenciar o amor de criança pro amor de um adulto) amor de criança não há malícia, é uma coisa pura e inocente. Depois de um tempo passa e ela nem lembrará mais quem é Mateus. Talvez seja só um amiguinho que ela goste muito, as crianças adoram imitar os adultos por isso falam que é o namorado ou namorada. Nina é uma fofa!

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