Engraçada a vida. Ainda outro dia eu era uma criança brincando no sítio da minha avó Lorena em Valinhos, interior de São Paulo. Passávamos lá quase todos os finais de semana e a maioria das férias. Éramos em 8 primos, uma farra só. O sítio tinha piscina, parquinho, galinhas, horta, pomar, cavalo. E muita comida na mesa sempre. “Come tudo”, era a frase que minha avó mais repetia. Nem precisava.
Minha avó Minha avó Lorena tem 92 anos e sabe das coisas. No final de semana liguei pra ela, como faço sempre. Falamos sobre tudo. De eleição nos Estados Unidos a cor do meu cabelo. Falamos de como o clima está maluco, fofocamos sobre o restante da família. Falamos de viagens, de comida, de saudade. Mas, principalmente, falamos da vida. E de como ela passa. Ou melhor, voa. Né, vó?
Quando o Guilherme e eu decidimos morar juntos (em 2008), minha mãe apareceu com um caderno na mão: “agora você precisa aprender a cozinhar. Coloquei aqui receitas que você gosta e que são fáceis de fazer”. O que ela esqueceu de dizer é que eram também receitas com sabor de saudade. Durante muito tempo, quando fazia algo do caderno, voltava no tempo com o cheiro, o sabor. Era como se,