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Saia curta e shorts proibidos na escola

Parece coisa de antigamente. Mas é 2017. Verão brasileiro. Estamos num colégio particular de Santos. Faz 35 graus na sombra nessa época do ano. A direção decide: a partir de agora meninas não podem usar saia curta nem shorts. Oi??????????

saia curta

Saia curta aqui não! Esse foi o comunicado polêmico!

O comunicado entregue aos alunos foi compartilhado nas redes sociais e rapidamente gerou discussão. Porque significa uma censura. Porque é machista. Porque é arbitrário. Porque é reacionário. Porque, segundo resumiu com perfeição a ex-aluna Rúbia Volpe, “esse tipo de atitude está reproduzindo um discurso de controlar as mulheres e não educar os homens”.

Saia curta não!

Considerado um dos mais tradicionais colégios da cidade, o Universitas afirma no documento que compartilhou, que as roupas utilizadas por alunas da unidade têm provocado “situações indesejáveis” (???). A escola ainda diz que “o uso desses itens é sintomático de uma realidade social mais ampla, que merece ser cuidadosamente analisada e criticada”.

O professor Vincenzo Bongiovanni, coordenador pedagógico da unidade, diz ainda que o Universitas “tem trabalhado há 37 anos por meio de práticas democráticas, nas quais valorizamos a construção da autonomia, da tolerância e do respeito frente à diversidade que marca a fase da juventude. Estamos sempre atentos às transformações da sociedade, respeitamos e procuramos sempre atualizar nossas formas de trabalho. Entendemos que a sociedade ainda trata mulheres com diferença e, em muitos momentos, como objeto de consumo. No entanto, tem sido nossa missão combater esse pensamento e essa prática”.

Pois bem. Eu estava até concordando com o fato de que muita mulher exagera no comprimento e apavora quando o assunto é saia curta e shorts (aliás eu também acho que escola não é mesmo lugar de sensualizar e que há que se ter bom senso na hora de se vestir de acordo com o lugar que se vá).

Mas eu acho também que os homens tem que aprender a lidar com seus hormônios! É, eu tentei ser imparcial, missão de qualquer jornalista. Mas diante desse discurso arcaico decidi me posicionar.

“Entendemos que a sociedade ainda trata as mulheres com diferença”? Desculpe, professor, mas vocês estão fazendo exatamente igual, ou seja: fazendo diferença entre homens e mulheres. “Estamos atentos às transformações da sociedade”? Não, professor, vocês estão de olhos vendados. E, pra finalizar, gostaria de dizer que na verdade o senhor só está correto quando diz que “A sociedade trata a mulher como objeto de consumo”. Exatamente o que vocês do colégio estão fazendo, aliás.

Que pena…

Sou mulher, tenho duas filhas, sobrinhas, afilhadas, amigas. Sinto por elas assim como sinto pelas alunas do colégio. Mas sinto também pelos meninos que acabam de receber uma lição errada que vão levar para vida. Eles deveriam aprender que tem que respeitar as meninas mesmo que elas estejam usando saias curtas, shorts ou até biquinis.  Nada justifica “situações indesejáveis” (ou eles vão crescer acreditando que mulher com roupa sensual pede para ser estuprada).

Parece que tudo evolui. Medicina, tecnologia, telecomunicações. Menos a cabeça das pessoas. Menos o que elas sentem umas pelas outras. Não existe empatia (o ato de se colocar no lugar do outro), não existe bom senso. Só existem velhos hábitos e atitudes clichês. Que pena.

 

 

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