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Parto nos EUA

Eu completava 39 semanas de gestação, ja estava enorme, dor na coluna, dor na virilha por causa do peso (Daniel nasceu gordinho e adorava pisotear minha virilha, era “otimo”), contracoes constantes.

Meu pai chegaria dia 11, meu parto foi marcado para o dia 13. O importante era fazer com que o Daniel não viesse antes, para o meu pai ter alguns dias com o Vicente em casa antes de irmos pra maternidade. Daniel esperou, meu pai chegou e logo de cara Vicente se derreteu pelo vovo, emocionante de ver.

Um dia antes do parto tivemos que fazer a pre- internação no hospital, mil informações, papeis pra assinar, exame de sangue ( eles colhem um pouco do seu sangue um dia antes do parto) e o famoso jejum, nada de comida ou agua.

A enfermeira da pre-internação me disse 12 horas de jejum, meu medico disse que 8 horas era o suficiente. Tirei um cochilo e acordei com falando exatamente 8 horas para o parto, não tinha jantado, corri pra cozinha e comecei a socar na boca tudo que via na frente, fiquei desesperada, pq não sei se é pior não fazer jejum ou fazer um jejum muito longo, pânico!! Mas soquei comida pra dentro e foi!

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Acordamos, Vicente foi pra escola e fomos para o hospital. La preenchi mais um milhão de papeis, respondi uma dezena de perguntas e uma delas foi ” 12 horas de jejum !? e eu respondi ” AHAM!! ” acho que ela achou que esse som era um “yes, sim !” , deixei quieto e rezei bastante pra não passar mal. Não passei mal.

Fui fazer a limpeza pre-parto, uma coisa bem diferente do Brasil. Eles te dao mil lencinhos, um para as partes intimas, um para cada braço, um para cada perna, barriga, costas, um liquido para passar nas narinas com um cotonete, um lenço com um outro liquido para esfregar nas gengivas, um liquido para fazer bochecho e gargarejo, enfim, eu estava mais esterilizada que a própria sala de parto.

Fui para uma maca esperar e conversar com a anestesista, que veio com muitas explicações, outra diferença do Brasil. No parto do Vicente o anestesista usava um tipo de anestesia e era decidido entre ele e meu obstetra, aqui não, ela veio me dar todos os pros e contras das minhas opções (sinceramente não me lembro todos os contras mas lembro que achei terríveis!!!! Quase optei por manter o Daniel na minha barriga e vivermos assim, conectados pra sempre, mas não tem essa opção ne!?). Expliquei para a anestesista que no parto do Vicente tive falta de ar e que me deixaram um pouco mais “leve” (para não dizer meio doidona), ela anotou alguma coisa e seguimos em frente.

Ela me perguntou se quando o bebe saísse da minha barriga se queria que o colocassem no meu peito enquanto me fechassem a e eu obviamente disse ” CLARO!!!” e me espantei em saber que eles perguntam pq nem toda mae quer o bebe “meio sujinho” encima delas, vai entender, mas cada um no seu cada um…

Optei por uma das anestesias e começou o processo. Neste momento tudo começa ficar meio nebuloso, apesar de ter ficado consciente no parto e ter sentido muita emoção, as lembranças são um pouco truncadas, mas a culpa é exclusivamente minha pq me lembro de avisar a anestesista a cada 5 min que tava ficando com falta de ar ( e estava mesmo) e ela aumentava a dose e assim fui ficando mais leve, mais leve, mais…. zen . (acredito que essa parte da experiência seja uma exclusividade minha e não um padrão).

Sala de parto bonita, moderna, equipe entrosada, Daniel nasceu !! Que emoção! Achei que era impossível sentir o mesmo amor que senti pelo Vicente, mas ele veio com tudo e amei aquele bebezinho de maneira intensa e quase sufocante (perceberam que meu ar acaba facilmente ne!? Mas esse momento é uma falta de ar que sinto todo dia um pouquinho…muito amor !!).

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Enquanto me fechavam fiquei com o Daniel, depois ele saiu para alguns exames e meu marido o acompanhou e ai vem outra grande diferença: quando o Daniel saiu para os exames ele passou por um corredor onde meu pai estava !! Imaginem, meu pai ficou frente a frente com ele, nada de vidro os separando, imaginem a emoção do vovô!!!?

Sai da sala e fui com meu marido e Daniel ficar numa sala de recuperação ( no parto do Vicente fiquei sozinha) e so seria liberada quando estivesse mexendo a perna. Eu comecei a mexer a perna muito rápido, fui para o quarto. No caminho cruzei com minha amiga/irma que estava nos esperando e ELA foi empurrando o bercinho ate o quarto, muita emoção ne!?

Sinto que nos EUA são mais tranquilos nessa parte de contato com o bebe, esterilizar as coisas etc.

Chegamos no quarto, ganhei um botaozinho que era minha alegria, se sentisse dor era so apertar , resultado: foi quase como minha historia no parto e a falta de ar, apertei o botaozinho 300 vezes (claro que ele tinha um limite de liberação do analgésico) mas fiquei “legalzinha, leve , leve” todos os dias, mas eu não tinha noção que estava “zen” demais, eu achava que era tudo cansaço.

Uma coisa bem engraçada era que eu tentava escrever mensagens de texto para amigos e familiares e não conseguia terminar nenhuma, eu dormia no meio de todas!!! Era desesperador !! Então se vc é meu amigo e eu não o respondi na época do hospital, saiba que esse er aum desafio diário que não consegui vencer…1 milhão de tentativas, zero sucesso.

E começou a parte ” o leite desceu!?” , aí essa parte foi meio drama…aqui eles são muito preocupados com isso (mesmo eu tendo o histórico de ter sido uma vaca leiteira com o Vicente), tive que dar gotas de colostro retiradas com o dedo na boca do Daniel pq não queriam arriscar uma queda na glicemia dele, eles sabiam que eu não queria dar leite artificial.

E eu passei meu primeiro dia assim ” Oi enfermeira, agora dei 9 gotas!! Estrelinha pra mim !!” . Me irritei, fui para o banheiro e tirei 4 ml de colostro no dedo. Bico do peito ficou destruído, mas esse menino consumiu uma quantidade de colostro nesse primeiro dia que so ele pra contar. Dei numa seringa e fui dormir , quer dizer cochilar pq muito breve alguem entraria.

Os dias no hospital foram sem dor, muito sonolenta e a quantidade de vezes que examinaram a mim e ao Daniel não tem nem como contar, pq era praticamente de hora em hora. Teve um dia que a enfermeira entrou as 4 da manha e disse ” BOM DIA!! ” como assim “bom dia” !? Não existe dia sem sol amor, 4 da manha é tipo “desculpa mas posso fazer um exame !?”.

Foram 2 noites, 3 dias e quando fui liberada, foi igual filme americano, me colocaram na cadeira de rodas e so pude levantar no carro, assumo que achei muito legal !! (Super boba eu ne e nem foi culpa dos analgésicos pq continua achando super legal, me senti num episódio de “Friends”).

Minha experiencia foi maravilhosa e so tenho boas lembranças tanto daqui como do meu parto no Brasil…deliciosamente diferentes e inesquecíveis.

Essa foi a chegada do Daniel, meu gringo brasileirado maravilhoso.

Bruna di Túlio

Instagram @brunaditullio

3 Discussions on
“Parto nos EUA”
  • Muito bacana seu depoimento!! Gostaria de saber qual hospital e qual equipe médica te assistiu no nascimento do seu filho?

    Abs

  • Muito legal o depoimento da Bruna, espontâneo e sincero. Show.

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