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Mais uma fase terminou…

Ele era chamado de “uxinho” embora fosse uma ovelha. Estava estragadinho, cheio de costuras feitas às pressas, nem espuma dentro tinha mais de tanto que foi lavado. Mesmo assim era o preferido da Maitê, entre tantos outros brinquedos. Outro dia, sem que eu percebesse, ela o esqueceu no banheiro do aeroporto internacional de Guarulhos. E, assim, mais uma fase terminou. Foi o fim da era do “usino”. Quase um marco no crescimento da minha filha.

Não foi tão fácil quanto parece. Ela chorou muito ao perceber que tinha esquecido o amigo e que já estávamos a  quilômetros de distância, a caminho de casa, aqui nos EUA. Me pediu pra voltar, pra parar o avião, pra fazer qualquer coisa a fim de resgatá-lo. Não dava mais. Sua tristeza era tão grande que logo que pousamos decidi ligar no achados e perdidos do aeroporto, apesar de eu mesma não ter mais esperanças. Nada. Liguei na loja onde minha avó (que faleceu ano passado) comprou o bichinho pra ela há quase cinco anos. Não fabricam mais. Expliquei para ela com todo carinho que não tinha mais o que fazer, que ela precisava cuidar mais das coisas pra que isso não acontecesse de novo.

Me culpei por não ter cuidado dele, como sempre fazia quando saíamos. Me culpei por não ter visto que ela o tinha deixado no banheiro. Me culpei por não conseguir recuperá-lo. Me culpei por ver minha filha triste por ter perdido algo que gostava tanto. Mas não havia mais o que fazer. Provavelmente quem o encontrou jogou no lixo, sem saber que ele era tão amado por uma menininha, sem saber que ele, mesmo feinho, era tão especial.

O triste é que ele foi mais do que um “objeto de transição”, como os especialistas gostam de dizer. Ele estava com ela em todos os momentos (principalmente na hora de dormir), desde o nascimento, era o melhor amigo da Maitê. Quando a gente viajava ele era o primeiro a ir pra mala, pra não corrermos o risco de esquecê-lo. Se isso acontecia tínhamos que voltar pra evitar um berreiro sem fim.

Nos primeiros dias de aula me lembro da professora (a querida dona Valéria) me perguntar na hora da saída:  “o que é chupetuxinho que ela tanto fala”? Era chupeta + ursinho e ela, que não sabia falar quase nada, repetia isso o dia todo. Largar a chupeta foi fácil, aos dois anos. Mas o “uxinho” continuava lá, firme e forte. E eu não tinha a menor intenção de acabar com aquele grude tão cedo…

A separação forçada aconteceu há dois meses. Desde então ela fala dele com saudade, pede pra que eu ligue de novo no achados e perdidos, pra que insista em procurá-lo. Digo que vou fazer isso mas nem faço mais, já perdi as esperanças. Ela não. Essa semana, ao falar com meu irmão pelo telefone, disse: “tio Adri, você pode ir no aeroporto buscar meu uxinho e trazer aqui pra mim?”. Me partiu o coração. Por isso, decidi vir aqui e apelar pros seguidores das minhas redes sociais: “alguém aí viu o uxinho da Maitê?”.

 

 

 

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