Parabéns pai!

Parabéns pai! Foi isso que eu disse pra ele ontem, quando meu telefone apitou para me lembrar que era um dia especial. Disse também que espero que essa data se repita muitas vezes. Pedi para que fosse feliz. Me despedi dizendo que estava com saudade e que o amava.

Engraçado. Acordei hoje achando que nada disso foi suficiente. Acordei achando péssimo estar longe num dia tão especial. Acordei querendo que ele estivesse aqui. Ou eu lá. Acordei querendo levar ele pra comer no restaurante que ele gosta, acordei querendo tomar um chopp ao seu lado, acordei querendo estar perto pra dizer: “parabéns, pai” no meio de um abraço.

Pais e filhos: relação complicada!

Sempre fomos muito amigos, principalmente durante a infância. Cresci e nos distanciamos. Não sei porque. Ou sei. Talvez porque me tornei uma mulher de personalidade forte, que meu pai nunca aceitou muito. Fiz escolhas que ele não concorda, optei por caminhos que ele achava arriscados demais.

Nunca fui uma filha a moda antiga. Não tive casamento na igreja nem vestido de noiva. Em vez disso fui ser repórter de campo, especialista em futebol. Fui cobrir uma Copa do Mundo. Na verdade 3. E saí de casa com 18 anos em busca desse sonho.

Nunca aceitei as ordens do meu pai sem tentar discutir. Nunca aceitei um não “porque sim”. Nunca ouvi seus conselhos. E, por isso, quebrei muito a cara. E quebro até hoje. Ele fica doido comigo. Não fala nada pra mim, mas eu sei que fica e que reclama com a minha mãe. Sempre foi assim.

Longe de casa

Cresci um pouco mais e decidi voar para ainda mais longe ainda, dessa vez levando suas duas únicas netas. Mais uma vez ele ficou revoltado. Não entendeu minha escolha. Não achava que era pra valer. Foi. Estou aqui há 1 ano e meio. Hoje ele aceita, respeita, mas sei que, la no fundo, dói.

Assim como doeu quando saí de casa, quando escolhi ser jornalista, quando fui morar junto sem casar, quando tive filho sem ter assinado nenhum papel. Duas vezes. Em todos esses casos ele questionou, brigou comigo, ficou de mal um tempo, mas acabou aceitando.

Na verdade ele sabe que sou meio maluca, inconsequente, mas que tenho um coração que não cabe no peito. Sabe que sou aventureira, me jogo de cabeça nas coisas, mas sabe que sou leal. Sabe que sou temperamental, brava, mas que sou decidida, determinada e forte.

Meu pai sabe que tenho milhões de defeitos, mas sabe também que tenho muitas qualidades….exatamente porque sou filha dele! Parabéns, pai!

P.S.: meu pai detesta tirar foto, por isso foi difícil achar uma em que ele estivesse olhando. Sendo assim escolhi essa em que ele aparece felizão, com a minha mãe, numa das vezes que vieram nos visitar. Achei legal também colocar o vídeo de uma campanha muito legal que fizemos juntos!