As melhores coisas que aconteceram na minha vida foram os nascimentos das minhas filhas. Se Nina e Maitê não tivessem nascido eu não seria quem eu sou hoje (quem me conhece sabe o quanto eu mudei!). Aprendi e aprendo com elas todos os dias. Mas isso não quer dizer que o meu exemplo sirva pra todo mundo. Não existe receita de felicidade!

Digo isso porque conheço algumas mulheres que não querem ter filhos. Ou que não conseguem. E a cobrança é imensa. Fica todo mundo cobrando uma gravidez que ninguém sabe porque nunca veio. Mas continuam perturbando. “Você está ficando velha”, “Tem que tentar mais”, “Já procurou um médico para ver se vocês não tem problema?”, são algumas das frases que essas mulheres escutam. Isso se forem meras mortais. Se forem celebridades a cobrança é ainda maior.

Numa carta aberta intitulada – ‘For The Record’ (‘Para que fique registado’, em português), publicada hoje no site do Huffington Post, a artista Jennifer Aniston, de 47 anos, diz: “Para que fique registrado, eu não estou grávida. Estou é farta. Estou farta da podridão e vergonha criadas e que se disfarçam de ‘jornalismo’ e ‘notícias de celebridades’. A objetificação podre às quais as mulheres são submetidas é perturbadora e um absurdo. A maneira como sou retratada pela mídia é simplesmente um reflexo de como vemos e retratamos as mulheres em geral, medidas por algum padrão distorcido de beleza. Usamos isso para perpetuar essa visão desumana do sexo feminino, focando apenas na aparência física, que faz com que os tabloides transformem num circo de especulações. “Ela está grávida?”, “Ela está comendo demais?”.

No fim da carta ela garante: caso venha a engravidar, vai ser a primeira a dar a notícia. “Sim, eu posso ser mãe algum dia e, se isso acontecer, vocês saberão. Mas não estou à procura da maternidade porque me sinto incompleta de alguma forma, como a nossa cultura de notícias faz com que acreditemos. Ofendo-me quando me consideram inferior apenas porque o meu corpo mudou ou comi um hambúrguer no almoço e fui fotografada de um ângulo estranho. Aí já sou apontada como ‘gorda’ ou ‘ grávida’. Isso sem mencionar a dolorosa vergonha de receber os parabéns de amigos, colegas de trabalho por uma gravidez fictícia (dezenas de vezes em um único dia)”.

Por que será que é tão difícil aceitar que uma mulher não queira ter filhos ou tenha dificuldade para tê-los? Por que será que as pessoas se alimentam de especulações e de uma curiosidade sobre um fato que não lhes diz respeito? No meu caso, por exemplo, não muda nada ela estar grávida ou não. Se ela quiser minha opinião e me perguntar um dia eu responderei: ser mãe é uma experiência maravilhosa. Até isso acontecer eu espero que ela seja feliz. Com filhos ou sem. #FreeJenniferAniston