Me lembro de pegar e passar escondido da minha mãe. Ela nunca gostou de criança com maquiagem. Mas quem disse que eu respeitava esse gosto?  Até que um dia ganhei um batom, uma sombra azul, um blush. Acho que de uma das minhas avós. Delirei. Minha mãe sucumbiu. Nem ligava mais. E aí perdeu a graça. Hoje passar maquiagem é um suplício pra mim. Tenho preguiça. Até gosto de me ver maquiada, mas começar o processo é um parto…

Maquiagem é a grande vilã?

Essa é a minha história com a maquiagem. Amava, usei, beleza. Não amadureci antes. Não deixei de ser moleca na infância. Não fiquei mocinha antes da hora. Não beijei na boca e nem transei cedo demais porque passava rímel ou penteava a sobrancelha (e arrancava, muitas vezes, até fazer buraco). Por isso mesmo – e por um monte de outras coisas nas quais acredito – minhas filhas tem maquiagem e brincam muito de se pintar.

 

Juro que leio críticas a esse respeito e morro de rir. Vejo o tribunal das mães perfeitas discutindo erotização das pequenas baseado no uso do batom (oi???). Vejo mães politicamente corretas determinando que tem hora para tudo. E, nesse caso, até concordo. Tem mesmo: na minha casa, por exemplo, elas podem brincar de se pintar e pintar as amigas a vontade. Mas nada de irem maquiadas para a escola, por exemplo. Agora, um gloss antes de uma festa? Não vejo problema nenhum (até porque a maquiagem que minhas pequenas usam é de criança, tudo hipoalergênico, sai na água e não faz mal a pele).

De mais a mais, na minha opinião, passar maquiagem é uma forma de brincar. Do mesmo jeito que elas brincam de ser médicas, mães, veterinárias, cozinheiras e comissárias de bordo…elas brincam de ser adultas! Tem algum mal nisso? Eu, sinceramente, não acho. O chato mesmo é as pessoas quererem decidir se os nossos filhos podem ou não fazer algo!