Lendas urbanas?

Lendas urbanas ou não elas povoam o imaginário infantil há tempos. Na minha época brincava muito na rua. Era ver um homem apontando na esquina pra correr pra casa. Tivesse ele um saco ou não. Cara de bandido ou não. Cresci, tive filhos, mudei de país. Outro dia minha filha mais velha entra no carro depois da escola e diz apavorada: “mãe, é verdade que existe o homem do saco que rouba crianças?”.

Respirei fundo e dei início a um discurso longo. Expliquei pra ela que sim, existem pessoas malvadas que roubam crianças. Não necessariamente homens. Nem com sacos. Nem sempre adultos. Podem ser velhinhas, mocinhos. Altos. Magros. Bonitos. Feios. Pobres. Ricos. Aproveitei para dizer que elas não podem falar com estranhos, aceitar nada de quem não conhecem, sair de perto da mamãe e do papai em hipótese alguma.

O pavor só aumentou

Nina ficou em pânico de pensar que alguém pode nos separar. Que ela pode nunca mais me ver. Me perguntou milhares de vezes porque isso acontece, porque essas pessoas más existem, porque a polícia não faz nada. Expliquei que assim como o bem, o mal existem sim, e que a gente tem que tomar cuidado para que nada nos aconteça. Disse que a polícia faz o trabalho dela sim, mas que essas pessoas são muito espertas e pedi, mais uma vez, atenção redobrada pra minhas filhas, especialmente em lugares cheios.

O drama dela é o meu também. Ultimamente meu facebook está cheio de alertas de mães dizendo que estão acontecendo muitos sequestros de crianças no Brasil. Já vi a polícia desmentido muitos deles mas, lenda urbana ou não, poucas coisas apavoram mais uma mãe do que ter um filho desaparecido. Todo cuidado é pouco.

Claro que ver nossos filhos com medo não é legal, Nina chegou até a ter pesadelos sobre isso e não quer mais que a gente fale do assunto mas, pelo menos, sei que ela vai estar mais atenta, sei que vai se cuidar mais. Quando a gente sai ela não desgruda, com medo de algo acontecer.