No meu armário tem uma prateleira só das meninas. Uma caixa com as coisinhas de quando eram bebê (primeira chupeta, primeiro chocalho, o travesseirinho preferido), outra com as coisinhas da escola (fotos do primeiro dia de aula, da primeira professora, do primeiro desenho), outra com coisinhas do dia-a-dia (o primeiro bilhete que escreveram, a primeira vez que rabiscaram o nome). Pode me chamar de acumuladora, mãe a moda antiga, do que quiserem: guardo tudo que foi importante pra elas (e pra mim)!

Não sei explicar, mas cada objeto, cada cheiro, cada peça me remete a momentos únicos que não quero esquecer. Por isso mesmo guardo também o diário que fiz quando estava grávida e o que fiz no primeiro ano de vida das duas. Guardo a roupa que elas usaram no dia em que nasceram (que é a mesma que eu seu quando nasci!!!), guardo o cobertorzinho da maternidade.

Outro dia fui arrumar  minha bagunça e, sem querer, uma das caixas se abriu. Em questão de minutos, ao pegar um chocalho que tinha caído para colocar de volta no lugar e ao ter que dobrar uma roupinha que caiu embarquei numa viagem no tempo. Um tempo em que eu tinha tantas dúvidas e tantas descobertas ainda a fazer. Um tempo em que eu não sabia que mãe eu seria e como seriam aqueles bebês. Um tempo lindo, mágico, cheio de amor.

Dediquei um tempo a ele. A esse tempo tão especial. Abri meus diários e li algumas páginas. Cheirei roupinhas minúsculas (sério que elas cabiam ali??), olhei fotos de anos que não voltam mais. Se não fossem todas essas lembranças talvez eu nunca conseguisse recordar de tantos detalhes, talvez a “viagem” não fosse tão surpreendente, talvez o choro não fosse tão difícil de controlar.

Quando me dei conta tinha ficado ali horas, cercada de memórias e de sentimentos. Decidi que era hora de guardar tudo e voltar ao trabalho. E decidi também que vou continuar guardando tudo que for importante pra Nina, Maitê e pra mim. E decidi que, de vez em quando, vou visitar essas caixas cheias de amor e de saudade.  E vou viajar no tempo sem sair do lugar!