Me policio. Critico quem faz. Mas ontem foi minha vez de julgar uma mãe. Pior do que isso: julguei uma amiga querida. Dei palpite numa decisão dela que não me diz respeito e que tenho obrigação de respeitar. Por isso mesmo aproveito esse espaço para dizer: desculpa, amiga.

Desculpa me meter!

Ela me contava que agora que o filho vai fazer seis meses decidiu parar de amamentar. Por causa do trabalho. Da correria. Da vida em si. Estava penoso demais pra ela. Complicado. Pensou muito e resolveu que ía parar. Ponto final. Estava me comunicando uma decisão.

Eu poderia ter dito milhões de coisas. Ou nada. Mas julguei. E dei minha sentença: “não faz isso não”, eu disse. “Um dia você vai sentir saudade dessa fase”, completei. Desculpe, não devia. Não é da minha conta. Cada um sabe as dores e delícias de ser o que é e de tomar determinadas decisões. Ela amamentou pelo tempo que a OMS sugere. Conversou com o pediatra. Com o marido. Não estava pedindo minha opinião. O filho é dela e eu não tenho nada a ver com isso.

Mas por um minuto eu lembrei de quando amamentava minhas pequenas. Lembrei de como eram mágicos aqueles momentos. Lembrei de sentir o leite descer e “adivinhar”que elas estavam com fome. Lembrei de atravessar a cidade para dar de mamar feliz. Lembrei de cantar pra elas enquanto mamavam. Era um momento só nosso, como se naquela hora elas fossem só  minhas de novo, como quando estavam na barriga.

A questão é que esse sentimento e essas lembranças são minhas. A questão é que cada um sabe onde aperta o sapato. A questão é que eu não deveria ter emitido minha opinião sobre um assunto que não me diz respeito.

Desculpa, amiga. Não quero fazer parte do grupo de mães que se acha perfeita e por isso se sente confortável para julgar as outras. Estou longe da perfeição, também tomo decisões questionáveis e não quero palpites a menos que os peça. Eu errei. E você sabe melhor do que ninguém o que é melhor para o seu filho e sua família.