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Bonita e mulher? Isso não vem ao caso!

Ou não deveria vir. Ser bonita e mulher é ótimo. É maravilhoso. Mas desde que não seja jogado na sua cara, como se ser bonita e mulher fosse incompatível com ser inteligente e competente. Desde que não seja uma maneira menos cruel (???) de dizer que você é burra, inferior, despreparada.

Dia desses uma jornalista italiana ouviu a seguinte frase numa coletiva de imprensa: “Só não te mando tomar no c… porque você é uma mulher e bonita”. Quem disse essa frase foi o treinador do Napoli, Maurizio Sarri. A jornalista, Titti Improta, repito: estava numa coletiva de imprensa. Trabalhando. Fazendo o que uma repórter faz: perguntando.

Há 25 anos Titti cobre esporte no Canal 21, de Nápoles. Nem a carreira longa, nem a fama, nem o conhecimento a protegeram do treinador machista, arrogante, nojento. Quer dizer que se ela fosse um homem ele teria o mandado para aquele lugar? Duvido. Pior: se ela fosse feia ele teria feito isso? Talvez. Que triste.

Vou além. Os companheiros de imprensa, ao ouvir a declaração do técnico, riram. Acharam muito divertido ela ter sido desrespeitada. NENHUM deles saiu em defesa da jornalista. Ela é bonita e mulher? Que se dane! Lamentável.

Bonita e mulher…

Sei bem como é isso. Trabalhei alguns anos na imprensa esportiva. Nem sou tão bonita. Mas sou mulher e sei que durante um bom tempo alguns colegas aguardavam para ouvir o que eu tinha pra perguntar, quase que torcendo pra que eu falasse uma besteira, desse uma bola fora, pra rir. Minha sorte é que eu sempre estava bem informada e nunca peguei um ignorante como esse homem pela frente. Porque não sei o que eu faria, mas tenho minhas dúvidas se algum colega sairia em minha defesa. E isso é deprimente!

Em 2018 ainda tem homem que acha que pode ter esse tipo de preconceito. Que pode dizer o que bem entende para mulher. Que pode assediá-la moralmente. Verbalmente. E que ficará impune. Mas não ficará mais. Estamos fartas e vamos denunciar, nos unir para pedir punição.

E não estou falando de técnicos, jogadores e dirigentes apenas. Estou falando dos torcedores também que precisam, de uma vez por todas, respeitar as mulheres que cobrem futebol e sabem do esporte tanto ou mais que muitos homens.

#DeixaElaTrabalhar

O movimento #deixaelatrabalhar que acaba de ser criado e foi treding tópico nas redes sociais no fim de semana, vem de encontro a tudo que eu acabei de dizer. Não aceitaremos mais ser assediadas e nem ouvir barbaridades em campo ou nas arquibancadas. Ponto final.

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