Criança se diverte com qualquer coisa. Um pedaço de papelão numa descida que tenha grama é maravilhoso. Uma mangueira numa tarde quente substitui qualquer piscina. Uma balança feita de pneu é demais. E tudo isso rende muitas horas de brincadeiras, risadas e alegria genuína. Sem tempo pra mau humor, reclamação, inveja.

Já falei disso aqui outro dia. Naquela ocasião eu me perguntava em que momento da vida a gente perde essa simplicidade. Em que momento passamos a querer tudo muito elaborado. Comida gourmet, carros importados, casa com vista para o mar. Em que momento um arroz com feijão, um carro que nos leva pra baixo e pra cima e uma casa qualquer em que tenhamos o mínimo de conforto não basta mais. Será que é a idade que faz isso com a gente?

Suspeito que sim. Por isso queria mesmo era voltar a ser criança. Queria voltar a brincar na rua com alegria. A correr pelo mato com prazer. A me sujar de lama como se não tivesse que me limpar depois. Quero voltar a ter o brilho que vi nos olhos das minhas filhas quando avistaram a balança feita de pneu.

Balança de pneu é ensinamento

A balança de pneu é um símbolo entre milhares de outros exemplos que tenho todos os dias na minha casa.  Vira e mexe organizo programas incríveis no fim de semana sendo que o que elas queriam mesmo era ficar brincando na casa dos vizinhos. Faço roteiros de viagens incríveis sendo que pra elas o melhor era brincar na praia mais perto com os amigos da escola. Bem mais fácil. Bem mais barato. Bem mais descomplicado.

Nós adultos não entendemos nada mesmo da vida. Quem sabe são eles. Do alto de seus 5, 6, 7 anos. Eles sabem que viagem nenhuma é perfeita se a gente não tiver amigos por perto. Mas que qualquer fundo de quintal é incrível se eles estiverem lá, junto com a gente. E sabem bem mais do que isso. Sabem que o luxo da vida não tem a ver com valor, mas com sentimentos. E que a alegria verdadeira não tem a ver com sofisticação. Mas com a simplicidade absoluta. E assim, dia após dia eu aprendo com elas.