Avião com 81 passageiros cai na Colômbia

Essa foi a notícia que eu li as 7h da manhã (10h do Brasil). Eu tinha acabado de acordar. Olhei o celular, enquanto me espreguiçava, como todos os dias. Mas, dessa vez foi diferente. Me chamou atenção o número de mensagens no whatsapp. “Você soube o que aconteceu?”. “Tinha amigos entre as vítimas?”. Não entendi nada. Corri para o Google. Soube da queda do avião. Da tragédia. Soube das vítimas.

Por uns minutos fiquei paralisada. Mesmo que não conhecesse ninguém que estava naquele avião teria ficado da mesma forma. Que tristeza. Mas o fato de conhecer alguns me derrubou. Entre eles Deva, narrador que trabalhou anos comigo no Sportv, Ari, cinegrafista da Globo que eu encontrei milhões de vezes em reportagens e na redação e Vitorino, repórter com quem já bati altos papos no campo.

Como assim?

Quer dizer que lá estavam eles, a caminho de mais uma cobertura, como faziam há anos e, de repente, não estão mais aqui? Quer dizer que não vão voltar nunca mais? Não vão mais pra casa, não vão mais abraçar a família, não vão mais viver?

Quer dizer que trabalharam tanto…pra acabar assim? E os plantões que fizeram nos fins de semana, os aniversários que perderam porque tinham jogo pra cobrir, as férias que nunca tiravam porque nunca dava? Quer dizer que nada disso vai ser recompensado com uma aposentadoria a beira da piscina sem o chefe ligar? Quer dizer que tudo que eles imaginaram fazer daqui a 5, 10, 15 anos nunca vai se realizar? Quer dizer que não tem mais o chopp que combinaram pra quando voltassem, o jantar que marcaram pra semana que vem, a pescaria que pretendiam fazer em dezembro? Não. Os planos para o futuro simplesmente terminaram quando o avião caiu. Como assim?????

Tenho certeza que eles deixaram milhares de coisas para fazer quando voltassem de lá. Tenho certeza de que tinham planos para o Natal e o reveillon. Sonhavam com as férias na praia e com um mês sem futebol. Tenho certeza que tinham combinado algo pra semana que vem com a família, talvez quisessem trocar de carro ou de casa. Talvez quisessem apenas ficar de folga e dormir o dia todo. Mas o avião caiu.

Junto com eles morreram os jovens atletas da Chapecoense, a comissão técnica, outros jornalistas, comissários, pilotos. Morreram muitos sonhos. Planos. Hoje minhas orações vão ser para que as famílias e amigos sejam confortados pela fé. Rezo para que eles acreditem que Deus tem planos maiores para as vítimas e, por isso, as chamou pra perto dEle. De qualquer maneira, do fundo do coração, sinto muito.

Como sempre acontece em momentos tristes como esse, pretendo tirar o dia para refletir sobre minha vida. Pretendo lembrar que tenho que viver o hoje. Pensando no amanhã sim, mas sem deixar doe viver o presente. Porque, no fundo, é só isso que a gente tem.