Já reparou como é fácil dar conselhos sobre os filhos dos outros? “Tira logo a chupeta, ou o dente vai entortar”. “Não deixa dormir na sua cama, senão ele nunca mais vai dormir no outro quarto”. “Faz ela comer legumes e verduras”. Essas e outras pérolas são as famosas “faça o que eu digo, não faça o que eu faço.

Faça o que eu digo, não faça o que eu faço…

Eu mesma faço isso. Prego aqui e nas redes sociais que temos que ter paciência com as crianças. Que os problemas do trabalho tem que ficar do lado de fora quando fechamos a porta de casa. Que não há necessidade de aumentar o volume da voz para se fazer ouvir pelos nossos filhos. Pois bem, confesso. Tenho feito tudo ao contrário. Tenho perdido a paciência em questão de segundos (muitas vezes logo depois de acordar). Tenho falado muito de trabalho com o Gui enquanto devia dar atenção para as coisas que elas vem contando. Tenho gritado por qualquer motivo, antes de tentar conversar.

Claro que vou me justificar aqui como todo mundo. A vida está corrida. Meu trabalho me consome. A rotina tem tirado meu humor. Mas eu sei que isso não justifica. Faça sol ou chuva, esteja eu cheia de problemas ou não minhas filhas estão crescendo e não posso ignorar isso. Sim, porque quando faço todas essas coisas (perco a paciência, grito e falo de trabalho) estou deixando de curtir coisas muito legais que não voltam mais.

Estou deixando de ouvir histórias da amiga da classe. Estou deixando de rir da cama bagunçada até a noite. Estou afastando as duas de mim. Sim, porque ninguém gosta de quem só grita e não brinca. E, mais do que isso, eu não sou essa pessoa.

Por isso mesmo venho aqui dizer que sei que estou errada. E que sei que preciso mudar. E venho pedir por favor: faça o que digo, nesse caso. Analise se você também não anda estressada, nervosa, impaciente. Se não desconta nas crianças o grito que queria ter dado pro chefe. Se esse for o caso, faça o que eu faço. Tente mudar.