Doença não é legal!
O que é pior do que ter uma doença? Seu filho pegar uma! Nina ficou doente outro dia. Me ligaram da escola avisando. Mesmo com a agenda lotada de reuniões fiz o que qualquer mãe faria. Larguei tudo e fui buscá-la. Chegando na escola soube que minha filha tinha vomitado e que havia uma virose no ar. Peguei minha pequena na enfermaria e fomos direto pra casa.
Doença?
Chegando em casa dei um banho nela e o melhor medicamento que existe nesses casos: minha cama e o controle da tv. Sentei numa mesinha ao lado para trabalhar no computador, sem desgrudar os olhos dela. Mas tinha muito a fazer, não dava para ficar deitada junto, como ela gostaria.
O tempo passou, a “doença” foi embora e ela foi ficando impaciente. “Posso brincar no meu quarto?”, foi a primeira pergunta. “Mas você não está doente?”, foi a primeira resposta. Depois foi a vez das vizinhas verem o meu carro e baterem na porta chamando a amiga para passear. Pedido, obviamente, negado por mim mais uma vez. Por fim ela pediu para andar de bicicleta. Aí já era demais pra mim.
“Nina, mamãe parou tudo que estava fazendo pra te buscar na escola porque você estava doente. Se você está boa vou te levar de volta e seguir pra minha reunião!”. Ela então deitou e ficou quietinha, sem mais tentar negociar.
Me senti mal por fazer isso, mas foi a maneira de mostrar pra ela que tudo que a gente faz tem consequências. Foi a maneira que encontrei de dizer que não é legal ficar doente. Foi minha chance de mostrar que ela tem que pensar antes de me chamar para buscá-la na escola antes da hora. Tem que existir uma doença mesmo! Tem que ser sério. Não estava desconfiando da minha filha, mas ela precisava entender o que estava acontecendo para pensar bem da próxima vez.
Ta aí. De todos os desafios da maternidade um dos piores pra mim é esse. Ser chata. Queria ser legal e deixar comer bala, chocolate e salgadinho qualquer hora, mas não deixo. Queria não pentelhar pra tomar banho, escovar os dentes, sentar direito a mesa, mas pentelho. Queria não ligar se ela quer faltar na escola, pular a lição de casa, enganar a professora. Mas ligo. E, se isso é ser chata. Sinto muito. Mas, de onde eu venho, isso se chama: EDUCAR!