Lembro do primeiro dente dela que nasceu. Hoje vi o primeiro cair. Momentos diferentes, emoções parecidas. Chorei nas duas vezes. Festejei nas duas vezes. Mas hoje foi diferente. Passou um filme na minha cabeça. Lembrei dela bebê e, quando olhei pro banco de trás do carro, vi uma “quase moça”. Uma menina que já sabe o que quer vestir, comer, fazer. Uma menina que em nada lembra o meu bebê.

Um dente importante

O dente é quase um símbolo. Pra mim é como se ele mostrasse o que eu não quero ver: que ela está crescendo sim e que “o pintinho está saindo debaixo da minha asa”. Não sei se estou conseguindo me expressar direito, mas acho que é isso: uma sensação de perda. Ela não precisa mais de mim para ir ao banheiro, toma banho sozinha, se penteia sozinha. Acho tudo isso ótimo, mas triste ao mesmo tempo. E perder o dente de leite me fez confrontar com essa realidade.

Claro que ela colocou o dente debaixo do travesseiro a espera da “fada do dente”. Claro que ela ainda me chama no meio da noite de vez em quando, claro que pede colo quando está cansada. Claro que chora quando briga com a irmã ou com alguma amiga na escola. Mas não é como antes, quando eu era a coisa mais importante da vida dela. Aos poucos ela está descobrindo outros interesses, outras pessoas, está se descobrindo!

Fico de longe olhando esse desenvolvimento todo e pensando em quanta coisa já passamos juntas (e em quantas mais virão). Fico tentando imaginar em que mulher meu bebê vai se transformar. Se ela vai gostar de estudar ou de jogar futebol. Se vai curtir balada ou vai gostar de acordar cedo e aproveitar o dia. Se vai gostar de namorar ou se vai querer conhecer o mundo mochilando. Acho que pela primeira vez eu olhei para ela e não encontrei o bebê que nasceu num dia ensolarado e quente de junho de 2010. Vi naquele rosto lindo uma menina. Que em pouco tempo será uma mulher. Uma lágrima caiu.