Não aguento ouvir que “criança é assim mesmo”. Dia desses estava num restaurante. Dois irmãos, entre sete e dez anos corriam. A garçonete, coitada, desviava como podia para evitar derrubar algo da bandeja. Havia milhares de pacotinhos de sal e açucar espalhados debaixo da mesa da família. Havia também restos de comida, de suco, de sorvete. Os pais nem se mexiam, não reclamavam com os pequenos. Só sorriam enquanto se desculpavam dizendo que “criança é assim mesmo”.

No avião a falta de educação é ainda mais gritante. Sei de gente que tem vontade de chorar ao ver que tem um pequeno no assento de trás. Já sabe que vai ser alvo de chutes na poltrona, gritaria fora de hora, bagunça no meio da madrugada. Sabe que dormir vai ser quase impossível. Muitas vezes os pais podem até estar junto, no assento ao lado, não adianta. Pode escrever: eles vão se desculpar dizendo que “criança é assim mesmo”.

No cinema muitas vezes o drama é o mesmo. Dá vontade de sair no meio do filme. Muitos não param sentados nem por um minuto e atrapalham os outros mil vezes, pisando no pé, derrubando refrigerante, comendo de boca aberta. E os pais lá, tranquilos. Por que? Porque “criança é assim mesmo”.

Criança não é assim mesmo!

É exatamente com esses pais que eu quero falar. Meus queridos, criança não é assim mesmo. Criança sem educação é assim mesmo. Todo mundo quando está crescendo precisa aprender a respeitar limites. Regras. Todo mundo precisa saber quando pode ou não fazer algo. Precisa saber que às vezes é preciso ficar em silêncio, sentada. Sem incomodar ninguém. Nem sempre a bagunça é liberada. Permitida.

Mas pra isso ela precisa que você, adulto, ensine algumas regrinhas básicas, do seu jeito. E precisa que você adulto esqueça de vez a frase: “criança é assim mesmo”. Elas são o que a gente as ensinar a ser. E, desculpe, mas as minhas, no que depender de mim pelo menos, não vão ser “assim mesmo”!