Não se falou em outra coisa nos últimos dias. Em todas as conversas onde havia no mínimo duas mães o papo era sempre o parto real. Como assim a princesa teve filho de manhã e saiu do hospital a tarde? Pior: como assim saiu de salto alto, arrumada e maquiada? Como assim ela estava tão plena, linda e descansada na porta do hospital?

As defensoras do parto normal se sentiram representadas. Era como se aquela fosse a maior prova de que elas tem razão de defender suas ideias com unhas e dentes. “A princesa não teria chance no Brasil, onde os médicos adoram uma cesárea”, disseram algumas. “Eu também fiquei bem no dia do parto, assim como ela, já que não entrei na faca”, disseram outras.

As que tiveram cesárea (EU!) se sentiram péssimas. Morreram de inveja da disposição da princesa (EU!). Se lembraram de como sofreram para se recuperar de suas cirurgias (EU!). “Nossa, 5h depois da cesárea eu ainda nem sentia minha barriga por causa da anestesia e tinha medo de levantar e abrir os pontos”, disseram algumas. “Certeza que esse nenê nasceu na véspera e ela só mostrou no dia seguinte”, suspeitaram outras.

Parto real

Enfim, o parto da real deu o que falar. Dividiu as mães em times. As que gostaram do que viram e as que não gostaram. As defensoras do parto normal versus as que fizeram cesárea. Como se o assunto fosse motivo para mais discussões acaloradas a respeito de um assunto e uma decisão que só competem, na verdade, a mãe e ao médico. E que, por isso mesmo não deveriam ser motivo de falação, desconfianças, dúvidas. E muito menos de disputas.

Cada um tem que ter o filho como quiser. Como achar mais seguro. Como o médico de confiança indicar. E as outras mães não tem absolutamente nada a ver com isso. Não tem o direito de julgar e nem de atacar quem decide fazer algo diferente de suas crenças. Podem apenas sentir uma invejinha da recuperação da colega, como eu senti. Porque ninguém é de ferro, né gente?