Ele é tímido, reservado, não gosta de foto, detesta rede social. Discreto, caseiro, introspectivo. Prudente, profundo. Essa é descrição do meu irmão que, quem conhece sabe, não poderia ser mais diferente de mim – embora tenhamos tido a mesma criação e sejamos filhos do mesmo pai e da mesma mãe.
Ele é calma e eu sou agitação. Ele é paz e eu sou carnaval de Salvador. Ele é comida no fogão a lenha e eu o cooktop mais moderno. Ele é interior e eu sou capital. Tão diferentes e tão complementares. Quando falo com ele parece que estou falando com o espelho. Vou além. Parece que me jogo do trapézio mais alto sem precisar colocar uma rede embaixo. Ele jamais me deixaria cair. Está sempre lá, prestes a me carregar e me levar para um lugar seguro.
Sempre foi assim. E eu nem sempre gostei disso. Quando adolescente ele me vigiava e contava tudo que eu fazia de errado para nossos pais. Por causa dele fiquei muito de castigo. E escapei de muita coisa que me faria mal. Por causa dele sou quem sou. Por causa dele luto mais.
Ele nasceu 3 anos antes de mim, mas sabe muito mais do que eu sobre a vida. É o melhor conselheiro que existe e o confidente mais fiel. Tem sempre uma palavra certa para dar e uma opinião sensata. Não fala por falar. Fala por amar. Por isso quando ele fala eu paro. Escuto. Obedeço. Ele não me dá ordens, apenas sugestões. Mas eu confio tanto que sigo a risca.
Pra ele eu não preciso me explicar. Não preciso justificar. Preciso apenas olhar. Preciso apenas ser quem sou. Ele conhece, respeita e entende. Como ninguém mais. Como só um irmão pode fazer. Por mais diferente que ele seja ele é o que eu preciso. E o que eu amo.
