Essa semana li um texto da minha autora preferida sobre isso. Nele Ruth Manus perguntava quando deixamos de lado a simplicidade das crianças. Quando deixamos de achar legal dar uma volta de ônibus. Tomar um sorvete de uva. Comer um macarrão na manteiga. Quando passamos a querer carros importados, sorvetes gourmet, macarrão com trufas. Quando? E, a maior questão: por que?
Vou além. Gostaria de saber quando deixamos de nos hipnotizar pelas coisas simples. Uma lagartixa subindo na parede, um bezerrinho mamando na mãe, uma flor se abrindo. Quando deixamos de observar com prazer uma simples nuvem no céu, ou um mero arco-íris depois da chuva, ou uma joaninha que pousa no sofá, displicente?
Me dei conta disso ao ler o texto da Ruth e ao ver a alegria das minhas filhas com o Butterfly Garden que ganharam de presente. Trata-se de uma coisa simples (vídeo), mas incrível ao mesmo tempo. E essa maravilha, que pode ser comprada na Amazon, as deixou entretidas durante quase um mês. Mais: as deixou hipnotizadas!
Funciona assim: você compra larvas de borboleta e um lugar onde elas vão se desenvolver. As crianças acompanham então cada pedacinho do desenvolvimento dos bichinhos: desde o crescimento das larvas, a transformação em casulo, o nascimento das borboletas e a soltura delas.
Durante esse mês elas acordavam todos os dias loucas para ver se as borboletas tinham crescido. Se tinham comido. Se já tinham asas. Hoje acordamos e os casulos estavam rompidos. Do lado de fora quatro borboletas pretas e amarelas, novinhas, lindas.
Simplicidade infantil!
As meninas ficaram malucas!! Nem lembraram dos iPads. Fomos para o jardim, abrimos o lugar onde elas estavam e as libertamos. As duas ficaram imóveis, assistindo o primeiro vôo das bichinhas, como se fosse a coisa mais incrível do mundo. E é. Mas a gente corre tanto que não consegue parar para ver. Estamos tão preocupadas com o projeto, a viagem, o chefe que ficamos praticamente cegas. Estamos tão cheias de mensagens, chamadas e whatsapps que ficamos surdas.
É preciso parar. É preciso olhar o mundo com os olhos das crianças. É preciso se emocionar com borboletas. Curtir um macarrão parafuso com molho de caixinha. Sorvete de limão. Passeio de trem. A vida simples é mais legal. E as crianças sabem muito mais que a gente!