Ser mãe é pagar a língua!
“Filho meu nunca vai levar Ipad no restaurante”. “Minha filha jamais vai pintar as unhas até que tenha idade pra isso. Batom então, nem pensar”. “Dormir na minha cama? Nada disso! Cada um vai ter o seu quarto! “Também não quero saber desse papo de mexer no meu celular”. “Criança tem que ter horário pra dormir, não importa o dia da semana e nem a idade”. “Vou fazer tudo diferente do que meus pais fizeram”, “na minha casa tudo vai ser na base do diálogo, nada de castigo”, “nunca vou gritar com meus filhos, nem vou permitir que eles gritem comigo: o exemplo é tudo”. Atire a primeira pedra quem nunca disse pelo menos uma dessas frases antes de ter filho. Sim, minha gente, porque depois que a gente sai da maternidade tanta coisa muda que chego a conclusão que ser mãe é pagar a língua!!!
Ser mãe é descobrir que a prática é bem diferente da teoria (e muito mais difícil). Que o que serve para o filho dos outros nem sempre serve pro da gente (na maioria das vezes não serve). Que cada criança é única, inclusive irmãos, mesmo que gêmeos. Ser mãe é constatar que seus pais estavam certos em quase tudo que fizeram com você. E repetir muita coisa.
Ser mãe é topar levar o Ipad no restaurante de vez em quando se isso garantir um jantar em paz. É aceitar pintar as unhas das pequenas quando elas querem ir bonitas a uma festa (ou param de roer, meu caso!). Ser mãe é sucumbir aos pedidos de passar batom às vezes, principalmente quando você passa primeiro e vê olhares quase que hipnotizados para seus lábios. Ser mãe é aceitar dividir a cama depois de levantar mil vezes tentando fazer com que a criança durma na dela. Ser mãe é emprestar o celular quando está na fila do embarque, na sala de espera do consultório médico, no trânsito. Ser mãe é perceber que você está fazendo exatamente o que a sua mãe fazia. Ser mãe é liberar o horário do sono nos finais de semana, pra aproveitar mais com os pequenos . Ser mãe é recorrer ao “cantinho do pensamento”quando seus argumentos no sentido de fazer a criança se comportar se esgotaram.
Ser mãe é aprender a não julgar. A não emitir opinião sobre a maneira como o outro vive, educa, cria. A aceitar mais quando as coisas não saem como o planejado. A não ter regras tão fixas nem seguir cartilhas. Ser mãe é descobrir que aquele tal manual de instruções nunca existiu e que cada uma tem que fazer o seu, de acordo com a maneira como vive e como quer educar o próprio filho. Ser mãe é aprender todo dia. Com o mundo. Com a criança. Consigo mesmo.