Semana passada Maitê passou a primeira noite da vida dela fora de casa. Na verdade ela já tinha dormido nos avós. Nos tios. Mas nunca na casa de uma amiga. Desde que recebeu o convite não falava de outra coisa, quase não dormiu na véspera. Deixou todo mundo louco com tanta ansiedade. E não é pra menos. Era uma data importante. Marcante. E, pra mim, inesquecível.
Foi a primeira vez que deixei minha filha sozinha na casa de alguém que eu não conheço direito. Com quem tenho zero intimidade. Que tem costumes completamente diferente dos nossos (a amiga que fez o convite é do Hawai). Será que ela iria se comportar? Será que ía comer o que a mãe da menina fizesse? Será que ía abrir a geladeira? Ía lembrar de tocar a descarga? A primeira noite numa casa estranha deixaria minha pequena dormir tranquila?
A ansiedade não era só dela, como deu pra perceber. Era minha. Do pai. Da Nina. A irmã mais velha queria se sentir filha única. E nem imaginava que sentiria saudade da irmã na primeira noite que passariam separadas desde que Maitê nasceu. Mas sentiu.
Primeira noite
A casa ficou silenciosa sem minha caçula correndo e falando alto. A bagunça diminuiu sensivelmente. Não rolou briga na mesa do jantar por causa do copo, do prato, da cadeira. O banho foi tranquilo. A hora de dormir também. E tudo isso foi uma droga. Sentimos muita saudade dela.
Como boa mãe taurina que sou tentei me segurar mas mandei várias mensagens pra mãe da menina antes de dormir pra saber se estava tudo bem. E estava, ufa. Mas eu queria dormir logo pra buscar minha Tetê, confesso. E foi o que eu fiz sábado cedinho. Corri na casa da amiga para abraçar minha caçula e levar de volta pra casa. Foi só a primeira noite dela fora. E eu já senti um pouquinho o sabor amargo do que vem pela frente.