Quando eu era pequena minha mãe me colocava pra dormir durante o Jornal Nacional. Depois de me deixar no quarto ela voltava para sala para assistir a novela com meu pai. E, de vez em quando, eu aparecia por lá. Dormindo. Descabelada. Falando frases desconexas. No outro dia nem lembrava de ter saído da cama. E morria de rir de saber que tinha levantado, sentado no sofá e sei lá mais o quê. Sim, eu era sonâmbula. E, quer saber o mais louco? Minha filha mais velha herdou isso de mim!

Descobri isso dia desses. Depois que as meninas foram pra cama decidi terminar um trabalho no computador. Estava na sala, de frente para o corredor dos quartos. De repente, não mais do que de repente, Nina apareceu andando no sentido do meu quarto. Como achei que estivesse acordada, disse: “filha, a mamãe está aqui”. Ela disse: “estou indo dormir no sofá”. E foi.

Achei aquilo estranho e fui ao encontro dela. Demorei 10 segundos para chegar. Tempo suficiente para ela dormir profundamente. Ou seja, ela não estava acordada enquanto andava e falava. Levei minha filha pra cama e fiquei pensando na loucura que é ter filhos. No desafio de cada dia descobrir uma coisa nova.

Minha filha é sonâmbula

Pois bem. No dia seguinte, assim que acordei fui ao quarto da minha filha para acordá-la para ir a escola e a primeira pergunta que fiz foi: “filha, você se lembra de ter acordado, falado comigo e deitado no sofá?”. “Não!”, me respondeu meio assustada. “Eu fiz isso?”, perguntou. E lá fui eu procurar no Google o que é o sonambulismo para explicar para minha filha.

Na sequência liguei para minha mãe para contar a novidade. E ela morreu de rir. Achou muito engraçado essa cena se repetir anos depois na minha casa, como acontecia na dela. E Nina, do alto dos seus 7 anos, ficou ansiosa ao saber disso tudo. “Será que minha filha vai ser sonâmbula também?”, me perguntou. Respondi que não necessariamente. Mas ela arrematou e me fez encher os olhos de lágrimas. “Tomara que ela seja igual a você também, mamãe”.