Comprei essa semana um filtro dos sonhos. Pra quem não conhece é um amuleto típico da cultura indígena norte-americana. Supostamente, essa peça teria o poder de separar os “sonhos negativos” dos “sonhos positivos”. De trazer sabedoria e sorte. Enfim, essa foi mais uma tentativa no sentido de ajudar Nina a dormir.

Há meses minha filha tem sentido medo de ficar sozinha. Primeiro achei que era medo de escuro. Comprei um abajur. Não adiantou. Depois achei que era medo de pegar no sono sozinha. Deixava ela adormecer na minha cama e depois levava pra dela. Nada feito. No meio da madrugada ela aparecia apavorada. Enfim, não sabia mais o que fazer.

Filtro dos sonhos

No fim de semana fomos a uma feira de artesanato perto de casa. Numa das bancas ela viu um filtro dos sonhos. “Mãe, uma amiga me disse que esse negócio ajuda a não ter pesadelo nem sentir medo!”. Parecia um milagre. A solução para os meus problemas! Percebendo nosso interesse a vendedora se apresentou. Explicou. Falou até cansar. Nem precisava. Se no imaginário da Nina isso iria ajudar a compra já estava feita.

A noite fizemos exatamente como a vendedora falou: penduramos o filtro dos sonhos na cabeceira da cama e fomos dormir. Nina bem mais tranquila, feliz com a aquisição e a chance de dormir bem. E não é que deu certo? Logo na primeira noite foi um sucesso, ela acordou feliz da vida por ter dormido bem. E eu também!

Parecia que a tal peça era minha salvação. E dela. Mas só parecia. Na noite seguinte minha filha dormiu feliz, sem medo. E acordou horas depois gritando e correndo para o meu quarto. Como faz há meses. O problema tinha voltado.

Desde então já fiz de tudo pra tentar ajudá-la. Converso muito, deito com ela, mostro que está tudo trancado e que ela não tem o que temer na nossa casa. Mas, infelizmente, nada tem resolvido a questão. E nossas noites continuam difíceis.