No caminho da escola das crianças hoje, dia da paz, espirrei e diminui um pouco a velocidade do meu carro. O farol fechou. O motorista que estava atrás de mim quase teve uma síncope nervosa. Poxa, ele ficaria dois minutos parado por minha causa!!!! Sabe o que é isso? Sabe quanta coisa a gente faz em 2 MINUTOS????? Resultado: mão na buzina, mão sacudindo e dedo do meio me mandando pra um lugar que eu não vou. Pois assim começou meu dia da paz num mundo estressado!
Repare que eu moro numa cidade pacata, tranquila, quase sem trânsito. Moro num lugar onde todo mundo para pra pedestre atravessar a rua! Onde ciclistas tem prioridade! A maioria das pessoas respeita as leis de trânsito e limites de velocidade. Mas vai falar isso pro meu “amigo” que ele te manda lá pra aquele local – repito – pra onde eu não vou!
Dia da paz num mundo louco
Apesar de parecer bobo e insignificante, esse episódio é bem representativo. Ilustra perfeitamente o momento que estamos atravessando no planeta. Uma época em que é normal ser estressado. Uma época onde a dona-de-casa, o presidente da multinacional, o carteiro, o dono de restaurante, a manicure (e o motorista, né?) vão ao médico por causa desse mal, lotam as farmácias e os bares em busca de algo que os faça relaxar, porque a vida…ah, a vida é dura, é estressante.
Fala sério! O trabalho pode até estar puxado, a correria pode estar grande, a faculdade pode estar difícil. Sua vida amorosa pode estar parada, seu carro pode estar quebrado, sua prestação pode estar vencida. Mas vai resolver meter a mão na buzina e mandar o outro pra um lugar tão ruim? Vai adiantar fazer cara feia, dar soco na parede, perder o apetite, encher a cara de remédio ou álcool, brigar com o marido?
Claro que tem horas que a gente estoura e tem vontade de sumir. Claro que ninguém tem sangue de barata e até mestres de ioga se irritam às vezes. Mas, veja bem, o stress só faz a gente perder mais coisas. Se você está p da vida por causa do emprego e desconta na mulher você perde a mulher, entende? Se você perdeu dinheiro num negócio e chutar a parede vai ter que gastar mais pra consertar a parede! E o motorista que me xingou o que perdeu? Perdeu de ganhar os acenos das minhas filhas (elas costumam fazer isso no semáforo), perdeu de ganhar meu sorriso (eu sorrio para quem brinca com elas), perdeu a passagem (para aquele lugar lá que eu não vou!). Não é por nada não, mas tomara que o dia dele tenha melhorado, porque senão quem vai acabar indo pra lá é ele!