Não adianta falar que os filhos entendem nem que o marido apóia. Não adianta lembrar que outras milhões de mulheres no mundo fazem a mesma coisa. Não adianta dizer que um dia os filhos vão dar valor. A mãe que trabalha se sente culpada e ponto final.
Culpada porque, muitas vezes, não chega em casa para a hora da lição, do banho, do jantar (mesmo que ela tenha passado a madrugada anterior cozinhando). Porque o armário está uma bagunça. As roupas tem uma manchinha aqui e outra ali. Porque não deu tempo de trocar a roupa de cama, lavar a tolha de banho, limpar direitinho o banheiro.
A mãe que trabalha se sente mal de perder eventos importantes, de ter compromisso no final de semana, de ter reunião no dia do jogo de futebol ou da apresentação de ballet. A mãe que trabalha chora ao pensar que esqueceu o dia de mandar o filho fantasiado para a escola, ao ver que não lembrou de olhar o boletim, ou que perdeu o prazo de inscrição para o curso de férias.
Culpada por não agradar todo mundo
A mãe que trabalha nunca se sente 100% feliz. Ou ela agrada aos filhos ou ao chefe. Ou faz hora extra para terminar o projeto ou chega mais cedo em casa e conta historia para os pequenos antes de dormir. Um dia faz uma coisa. No seguinte a outra. E nos dois se sente decepcionando alguém.
É isso. A mãe que trabalha sabe que precisa do dinheiro para tudo que o filho quer mas, às vezes, tem vontade de jogar tudo pra cima em troca de coisas que não tem preço. Só que aí ela se lembra que o filho vai crescer e precisar de ainda mais coisas que precisa hoje e que tudo isso tem um preço que só o dinheiro paga. E assim ela segue. Confusa. Dividida. Culpada.
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