Eu dou muita bronca nas minhas filhas. Até porque elas aprontam muito. Como toda criança. Mas ultimamente acho que tenho exagerado. Cheguei a essa conclusão no fim de um domingo quando estava deitada na cama com Nina e Maitê assistindo desenho. “Mãe, hoje foi muito legal!”. “Jura, Nina? O que você gostou mais: de passear de bicicleta, ir no parquinho, tomar sorvete ou banho de banheira?”. “O que eu mais gostei foi que você não deu nenhuma bronca na gente!”.
Bronca e culpa!
Ao ouvir isso me senti péssima. Me senti horrível. Percebi que ando exagerando. Engraçado que eu penso que brigo só por coisas grandes, sérias, mas parece que não…parece que estou mesmo passando do limite e preciso maneirar.
Pego no pé delas, é verdade (e depois me sinto péssima!). Mas pego no pé para educá-las, prepará-las para a vida. Tento ensinar a comer com educação, a respeitar os mais velhos, a ajudar em casa. Quero que saibam arrumar a cama, tirar a mesa, tomar banho. Quero que brinquem no quintal em vez de ficarem o dia todo no Ipad.
Mas tudo isso não é fácil de ensinar. Elas chegam da escola e jogam tênis, meias e casacos no chão. Resultado: bronca. Elas acabam de comer e deixam tudo na mesa? Bronca. Os avós querem falar com elas no FaceTime para matar saudade. Resultado? Bronca. E por aí vai.
Claro que antes de brigar eu converso. Peço. Falo com amor. Mas tem horas que elas só respeitam se eu engrossar a voz. Nem aumento o volume. Apenas falo com mais firmeza. Achei até então que era assim que tinha que ser, que estava certa, que era assim que acontecia nas melhores famílias. Mas pelo jeito isso está magoando minhas filhas a ponto delas comemorarem um dia em que fico mais leve.
Pois bem. A partir desse momento prometo tentar relaxar um pouco. Elas vão aprender, mas talvez não na velocidade que eu gostaria.